Fernando Rodrigues Batista
Mostra o Cardeal Billot que o modernismo é propriamente o erro, ou melhor esse conjunto de erros que vai do agnosticismo, pelo imanentismo, pelo pragmatismo e pelo dogmatismo moral, à diminuição e ruína da fé.
O princípio deste desvio universal é o subjetivismo de Kant, como demonstraremos em outra oportunidade.
Nenhum católico de bom senso pode negar que essa defecção na fé que marca a hora presente, é a apostasia universal a qual se referiu São Paulo, manifestando o homem da iniquidade, o filho da perdição, ou como preleciona o saudoso Padre Julio Menvielle, a "secularização ou ateização total da vida pública e privada a caminho do qual marcha o mundo de hoje".(MEINVIELLE, Julio. De la cabala ao Progressismo, Ed. Calchaqui, Salta, 1970, p. 463).
O traço característico deste tormento pós conciliar é a primazia da praxis, onde – na lição de Julio Garrido – foram relegadas ao ostracismo e a execração pública às palavras heresia, anátema e condenação, para dar lugar a um mundo plácido, sem contrastes, um mundo de hedonistas, no qual os únicos "marginais" são justamente os que "conservam" a preocupação pela reta doutrina e, por isso, com suas considerações "ortodoxas", fazem o papel de desmancha prazeres no festival contemporâneo.
"Aggionarnameto", eis a palavra da moda, vociferada, berrada e vomitada por todos os cantos pelos "inovadores", modernistas, escavadores do nada como rugia Lèon Bloy.
Para se ter noção do até então exposto, citemos alguns exemplos.
Em um de seus livros mais conhecidos o Padre Edward Shillebeeckx OP, afirmava sem escrúpulos:
"Lutero e Calvino tiveram uma boa intuição, é preciso que a Igreja retorne, se bem que de maneira moderna, ao seu estatuto evangélico, mas eles se desviaram ao deixar a Igreja e fundar em outra parte essa Igreja Evangélica".
Observa-se que Shillebeeckx não disse outra coisa senão que os heresiarcas do protestantismo erraram não pelo conteúdo de suas idéias básicas, mas sim pela tática empregada, entrementes, ressalva-se, que estes fizeram menos mal do que seus sucessores modernos, como o próprio Shillebeeckx, estes sim, mais perigosos pois que pretendem ai continuar, no seio da Igreja, para demoli-la interiormente.
Lembre-se que Shillebeeckx, foi a alma negra inspiradora da felonia do episcopado da Holanda, e mais tarde animador do I-DOC (Centro Internacional de Informação e Documentação relativa à Igreja Conciliar), dos quais faziam parte a nata do catolicismo progressista, protestantes, judeus, além do que, foi um dos corifeus do demolidor "Catecismo Holandes".
Aqui mesmo no Brasil, quem não se recorda dos três dominicanos condenados a branda pena de quatro anos, visto serem elementos de ligação entre o famoso terrorista Carlos Marighela com os demais grupos subversivos e que vinham assaltando, seqüestrando, assassinando e dinamitando. Um desses "falsos" religiosos era o então seminarista Frei Beto, hoje o bom moço que vende milhares de livros aqui e no exterior, financiado por entidades obscuras, e que até gozou de um bom cargo oferecido por seu companheiro Lula. Qual providência foi tomada pelas autoridades eclesiásticas. Nenhuma.
A corja destes "diabos encarnados" é sem fim, mas é preciso fazer lembrar de um Dom Ivan Illich (abandonou a Igreja para dirigir o órgão subversivo CIDOC), de um Dom Gregório Lemercier (que aos 60 anos apostatou e casou-se com uma jovem de 24 anos), os quais, tinham em seu favor a intervenção diante das altas autoridades eclesiásticas de um Padre Arrupe (superior dos Jesuítas) e do fatídico Cardeal Suennens (um dos corifeus da Renovação Carismática Católica, inclusive escreveu um livro em conjunto com o famoso D. Hélder Câmara). Outro Bispo destruidor foi Dom Sérgio Mendez Arceu, conhecido por ser favorável ao casamento de sacerdotes (e quem não é em nossos dias), à guerrilha, e também por suas estreitas relações com a maçonaria, inclusive, não raro visitava lojas maçônicas como a Fênix 15 pertencente à Grande Loja do Vale do México.
Enquanto religiosos trocavam as batinas por fuzis, sem sofrer qualquer espécie de punição, o Cardeal Josyf Slipy em matéria em o Estado de São Paulo de 24/10/1971, declarava:
"Na Ucrânia correram rios de sangue e foram erguidas montanhas de cadáveres de Católicos por sua fidelidade e fé Apostólica. Os Católicos ucranianos continuam sofrendo as piores perseguições. E, o que é pior, ninguém os defende".
Razão damos a Bernanos quando vaticinou diante de Henri Massis:
"... Creio que nossos filhos verão o grosso das tropas da Igreja ao lado das forças da morte. Eu serei fuzilado por sacerdotes bolchevistas que carregarão o Contrato Social no bolso e a cruz no peito".
O que causa asco é o fato de ser tão notório que após o Vaticano II, foram eleitos em sua esmagadora maioria apenas Bispos favoráveis a Revolução Liberal, pró socialistas e marxistas de todos os matizes.
Os padres e Bispos, até mesmo intelectuais fiéis à tradição são simplesmente ignorados, esquecidos, como se não existissem.
O motivo para toda essa cortina de silêncio que paira sobre os verdadeiros católicos, nos revela um dos grandes pensadores católicos do século XX, o filósofo belga Marcel de Corte, que exara o seguinte:
"...na Bélgica, na Holanda, na Alemanha e em outros países, as emissoras concedidas à religião católica, pelo rádio e pela televisão do Estado estão exclusivamente em mãos dos ‘progressistas’, nunca, rigorosamente nunca, se ouviu um sacerdote ou leigo que pudesse suscitar a menor suspeita de não pertencer a esta corrente".
"O autor dessas linhas, por exemplo, foi muitas vezes interrogado sobre a situação da Igreja e sobre suas razões de negar-se radicalmente a aderir à mentalidade ‘pós conciliar’ pelos responsáveis oficiais pelos programas culturais de televisão de seus país. Nunca o foi pelos clérigos responsáveis pelas emissoras religiosas católicas".
"O autor dessas linhas não é evidentemente o único a ser alvejado pela ordem draconiana de silêncio que subtrai os ‘não progressistas’ ao conhecimento da imensa maioria de seus irmãos na fé. Os escritores, os artistas, até os cientistas suspeitos de ‘ortodoxia’ são deliberada e sistematicamente ignorados. Não conheço exceção. Procura-se dar ao mundo a impressão de que a Igreja inteira é ‘progressista’ e, graças a uma supressão suplementar de crânios, leva-los a concluir a paz e selar uma aliança eterna com o marxismo".
"De uma ponta a outra da Igreja, um clã impõe suas diretrizes aos fiéis sob o olhar intimidado dos Bispos, ás vezes arrebatados e cúmplices".
"A conspiração do silêncio não é uma palavra vã. A revoluções comuns aos membros da seita ‘progressista’ que ocupam a ‘habitação das máquinas’ dos meios de informação atuais são seguidas ao pé da letra". (Em artigo estampado na Revista Espanhola Fuerza Nuova, de 26 de abril de 1969).
Corroborando a exposição do eminente pensador belga, basta verificar que na França, o grande intelectual Louis Salleron (1905-1992), católico tradicionalista fiel a missa de São Pio V (que segundo o testemunho autorizado de Gustave Thibon, foi um dos pensadores mais clarividentes e desconhecidos de nosso tempo), simplesmente pelo fato de ter impugnado publicamente as teses de alguns jesuítas progressistas muito influentes, como o Padre Bigo, o Padre Calvez e o evolucionista Padre Tailhard de Chardin, quiseram lhe tirar o título de Professor Honorário do famoso Institut Catholique de Paris onde durante 20 anos lecionou Economia Política.
Ainda, intelectuais católicos do porte de um Jean Ousset, um Jean Madiran e um Gustave Thibon em França, um Rafael Gambra e um Juan Vallet de Goytisolo em Espanha, um Padre Leonardo Castellani e um Julio Meinvielle na Argentina, todos eles caíram simplesmente no esquecimento, ninguém os cita, nenhum católico digno deste nome os conhece.
Enquanto Padres terroristas, sacerdotes que se casam, sacerdotes que são presos (como ocorreu recentemente em Goiás) em quartos de motéis com menos de idade e que se declaram usuário de drogas; enquanto revistas ‘católicas’ em que se defende o homossexualismo, o amor livre e o divórcio (como as obras da editora anti-católica Vozes), ficaram e até hoje são isentas de qualquer punição como se representassem o verdadeiro catolicismo, os verdadeiros paladinos da fé, como Dom Marcel Lefébvre e Dom Castro Meyer receberam os atos mais extremos da legislação canônica, pelo tão só fato de doaram suas vidas em defesa da Tradição Católica.
Não obstante essa mídia podre seguindo a risca os ditames da judaico maçonaria faça crer, que todos católicos são progressistas, marxistas, certamente incorreram em grave erro.
Explico-me. Durante toda sua vida Dom Lefébvre e Dom Castro Mayer não fizeram outra coisa senão serem inquebrantáveis defensores da Roma Eterna, da Igreja de Sempre. O profícuo trabalho destes Santos homens certamente não foi em vão.
E por isso, que através destes deste humilde artigo, junto aos pés da Cruz, agradecemos ao Todo Poderoso pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X por seguir realizando a sua missão de testemunho e sofrimento, transbordante de amor pela Igreja de São Pedro, e sobremodo, por não pactuar com o silêncio em face do mal, porque ele importa numa traição a Cristo, fonte de todo bem.
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Quem sou eu
- Fernando Rodrigues Batista
- Católico tradicionalista. Amo a Deus, Uno e Trino, que cria as coisas nomeando-as, ao Deus Verdadeiro de Deus verdadeiro, como definiu Nicéia. Amo o paradígma do amor cristão, expressado na união dos esposos, na fidelidade dos amigos, no cuidado dos filhos, na lealdade aos irmãos de ideais, no esplendor dos arquétipos, e na promessa dos discípulos. Amo a Pátria, bem que não se elege, senão que se herda e se impõe.
"O PODER QUE NÃO É CRISTÃO, É O MAL, É O DEMONIO, É A TEOCRACIA AO CONTRÁRIO" Louis Veuillot
Um comentário:
Eis uma visão lúcida a respeito da crise de nossos tempos. Apoiemos aqueles que seguem com a obra dos dois magnos bispos! Continue com seus excelentes textos, parabéns, Fernando.
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