Jean Ousset, In: Fondements de la Cité
"Relações entre a Política e a religião. Relações do ‘Reino de Deus’ e a ‘cidade carnal’. Problemas delicados e sempre controvertidos!"Quantos erros estas dificuldades entranharam durante o curso dos séculos. E hoje inclusive, quantos se preocupam com o perigo sempre possível da ‘temporalização de um fim, na realidade transcendente’, senão uma identificação do ‘Reino de Deus’, com estruturas políticas e sociais de um Estado, que era cristão."Ainda que, ao contrário, outros erros tendam à separar a religião e vida pública; ou por ódio da religião e para combater sua influência na Cidade; ou por amor pusilânime da Igreja, e temor de vê-la transtornada, inquietada se sair do santuário. O resultado é por uma e outra parte um naturalismo político e social cada vez mais profundo. Deu expulso da vida pública, ou por ódio, ou para cuidar sua Igreja, mas sempre para maior benefício da Revolução".
"Assim perdemos de vista a unidade do universo; vivemos em um mundo duplo, onde cada parte seria cortada da outra: universo espiritual e universo temporal. Repartidos, dois fins nos solicitam, e o que consagramos a um nos parece perdido para outro."Não é raro que nossa interpretação de: ‘daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’ nos incite a perseguir este fim que é Deus, mas considerando ao César como estrangeiro do plano divino e, portanto, inútil para nosso progresso espiritual."Quer dizer: César nos parece designar uma ordem à margem de nosso fim divino, ordem que não é relevante para Deus. Âmbito ordenado a um fim não somente distinto mas praticamente independente do fim último e supremo da Criação.
"Autêntico maniqueismo de um universo dividido entre dois Senhores: o mundo de Deus e o mundo de César."Que há de terrível em que a ordem temporal, a ordem cívica e política apareça à margem da ordem divina? Objeto de um trabalho enfadonho, sujeição das coisas daqui debaixo, peso morto, obstáculo, senão perda de tempo e energia na perseguição ‘do único necessário’. Perigosa diversão na única via espiritual saudável."...Como se o César não pertencesse a Deus, não fosse relevante para Deus, não tivesse, a sua maneira, que tender para este único objetivo que é a glória externa de Deus pela saúde das almas."...Que uma ‘coisa’, sobretudo porque especificamente humana, por isso importante, que é a política, a vida social, possa permanecer à margem desta universal perspectiva, é incrível e beira o absurdo. Este fim divino e pessoal do homem, razão de ser das ‘coisas que estão sobre a terra’, não pode não ser também razão de ser da Cidade.
"A ordem cívica e política não é, não pode estar à margem da ordem criada, e como em estado de independência com relação ao fim supremo da Criação.
"Se, como disse São Paulo, ‘Haec est enim voluntas Dei, sanctificatio vestra’, passa a ser claro que o valor das ‘coisas que estão sobre a tierra’ não pode estabelecer-se senão em função deste objeto fixado pela vontade divina.
"Por conseguinte, na persecução deste fim, a política não pode ser senão um ‘meio’.
"Mais oposição entre Deus e César. Mais universos duplos. Em uma visão única tudo aparece em seu lugar e em ordem. Uma única vontade, uma única preocupação: a glória de Deus, a salvação das almas.
"Ainda que distinto do ‘espiritual’ (e em um determinado sentido: autônomo), o César não é mais que um tumor maligno, um câncer da Criação, se não é um ‘meio’ (direto ou indireto) ao serviço de um só fim. E, se tem um valor real, não tem, não pode ter senão o valor de sua importância a serviço da fortuna deste fim."
"Relações entre a Política e a religião. Relações do ‘Reino de Deus’ e a ‘cidade carnal’. Problemas delicados e sempre controvertidos!"Quantos erros estas dificuldades entranharam durante o curso dos séculos. E hoje inclusive, quantos se preocupam com o perigo sempre possível da ‘temporalização de um fim, na realidade transcendente’, senão uma identificação do ‘Reino de Deus’, com estruturas políticas e sociais de um Estado, que era cristão."Ainda que, ao contrário, outros erros tendam à separar a religião e vida pública; ou por ódio da religião e para combater sua influência na Cidade; ou por amor pusilânime da Igreja, e temor de vê-la transtornada, inquietada se sair do santuário. O resultado é por uma e outra parte um naturalismo político e social cada vez mais profundo. Deu expulso da vida pública, ou por ódio, ou para cuidar sua Igreja, mas sempre para maior benefício da Revolução".
"Assim perdemos de vista a unidade do universo; vivemos em um mundo duplo, onde cada parte seria cortada da outra: universo espiritual e universo temporal. Repartidos, dois fins nos solicitam, e o que consagramos a um nos parece perdido para outro."Não é raro que nossa interpretação de: ‘daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’ nos incite a perseguir este fim que é Deus, mas considerando ao César como estrangeiro do plano divino e, portanto, inútil para nosso progresso espiritual."Quer dizer: César nos parece designar uma ordem à margem de nosso fim divino, ordem que não é relevante para Deus. Âmbito ordenado a um fim não somente distinto mas praticamente independente do fim último e supremo da Criação.
"Autêntico maniqueismo de um universo dividido entre dois Senhores: o mundo de Deus e o mundo de César."Que há de terrível em que a ordem temporal, a ordem cívica e política apareça à margem da ordem divina? Objeto de um trabalho enfadonho, sujeição das coisas daqui debaixo, peso morto, obstáculo, senão perda de tempo e energia na perseguição ‘do único necessário’. Perigosa diversão na única via espiritual saudável."...Como se o César não pertencesse a Deus, não fosse relevante para Deus, não tivesse, a sua maneira, que tender para este único objetivo que é a glória externa de Deus pela saúde das almas."...Que uma ‘coisa’, sobretudo porque especificamente humana, por isso importante, que é a política, a vida social, possa permanecer à margem desta universal perspectiva, é incrível e beira o absurdo. Este fim divino e pessoal do homem, razão de ser das ‘coisas que estão sobre a terra’, não pode não ser também razão de ser da Cidade.
"A ordem cívica e política não é, não pode estar à margem da ordem criada, e como em estado de independência com relação ao fim supremo da Criação.
"Se, como disse São Paulo, ‘Haec est enim voluntas Dei, sanctificatio vestra’, passa a ser claro que o valor das ‘coisas que estão sobre a tierra’ não pode estabelecer-se senão em função deste objeto fixado pela vontade divina.
"Por conseguinte, na persecução deste fim, a política não pode ser senão um ‘meio’.
"Mais oposição entre Deus e César. Mais universos duplos. Em uma visão única tudo aparece em seu lugar e em ordem. Uma única vontade, uma única preocupação: a glória de Deus, a salvação das almas.
"Ainda que distinto do ‘espiritual’ (e em um determinado sentido: autônomo), o César não é mais que um tumor maligno, um câncer da Criação, se não é um ‘meio’ (direto ou indireto) ao serviço de um só fim. E, se tem um valor real, não tem, não pode ter senão o valor de sua importância a serviço da fortuna deste fim."
Um comentário:
Estive a ler o Reconquista e gostei muito.
Encontrei logo três autores que tenho em elevada conta: Corção, Thibon e Jean Ousset.
Já o recomendei aos meus amigos de A Casa de Sarto, que é indiscutivelmente o melhor que se faz em Portugal em defesa do catolicismo tradicional
http://www.casadesarto.blogspot.com/
Cumprimentos, e que Deus lhe dê força para continuar sempre o Bom Combate.
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