sábado, 28 de abril de 2007

Aforismos de Gustave Thibon


FOME DE FELICIDADE: Santo Deus, o que ai vai de ambições! Queres isso, aquilo e mais aquilo. Muito bem. Mas já pensaste em saber se mereces que todas essas coisas te queiram a ti? Desunhas-te na recolha da felicidade. Procura antes tornar-te digno de ser escolhido pela felicidade. Quando fores suficientemente puro, verás como a felicidade te segue por toda a parte: por mais que lhe fujas, ela irá ter contigo, onde quer que te encontres.

VAZIO INTERIOR: Um homem exaure-se na medida em que não existem, para ele, seres ou coisas insubstuíveis. Faz lembrar um buraco que se cuidasse poder tapar seja com o que for, e que o essencial é tapado. Daí, e paralelamente, a maré alta do vazio interior e da paixão pelo dinheiro. Desde o instante em que se pensa que nada do que se ama é insubstituível, logo se acredita que basta ter dinheiro para tudo substituir.


OBEDIÊNCIA E SERVIDÃO: Não se foge a obediência, senão para cair na servidão. Afliges-te, vendo de que é que os homens são escravos? Se queres a chave deste "mistério de abjeção", procura ver a quem é que eles fogem de servir. O homem não escapa à autoridade das coisas do alto, que o sustentam, senão para cair na tirania das coisas de baixo, que o devoram.
Noli judicare - etiam teipsum. - Vede estes homens. O que sofrem e porque sofrem. Ora, o azedume, de que dão provas, tem uma origem. É que passam o tempo a comparar-se com os outros. Este jogo entusiama-os. Mas também os irrita e desmoraliza. Quando aprenderão, finalmente, a considerarem-se único, e não a julgarem-se em comparação com os outros? Seria esta a aurora da verdadeira humildade. Para que precisas tu de te confrontar com os teus irmãos? Não te basta saberes que é filho de Deus?
A inferioridade natural não é mal nenhum. A desordem começa onde começam o orgulho e a ambição. Quem é humilde ama a sua miséria, sem que para isso precise de a dourar. Não se perturba, por se ver inferior aos outros. Porque é humilde, não tem no coração qualquer ídolo a defender, com o falso verniz das ilusões, contra o fulgor incoercível da verdade.
Ser humilde é viver a própria independência em relação ao ser exterior. É sentir-se alegremente oferecido, doado, entregue à realidade extrapessoal. É prestar para alguma coisa, no mundo. É viver para além das própria diversões. A vontade do humilde situa-se, por conseguinte, sob o signo da liberdade e do Amor. Em vez de se frechar no seu próprio egoísmo, o "eu" do humilde abre-se livremente para o Amor


(Gustave Thibon, A Escada de Jacob, p. 31-33)

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Fernando Rodrigues Batista

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Católico tradicionalista. Amo a Deus, Uno e Trino, que cria as coisas nomeando-as, ao Deus Verdadeiro de Deus verdadeiro, como definiu Nicéia. Amo o paradígma do amor cristão, expressado na união dos esposos, na fidelidade dos amigos, no cuidado dos filhos, na lealdade aos irmãos de ideais, no esplendor dos arquétipos, e na promessa dos discípulos. Amo a Pátria, bem que não se elege, senão que se herda e se impõe.

"O PODER QUE NÃO É CRISTÃO, É O MAL, É O DEMONIO, É A TEOCRACIA AO CONTRÁRIO" Louis Veuillot