Marcel de Corte
Para onde vai o Islã? Não parece errado afirmar que o Islã mesmo o ignora quase por completo. Esse grande corpo informe está despertando de uma longa letargia, as pálpebras fechadas, a mente entorpecida, os membros estirados e sacudidos aqui e acolá por sobressaltos involuntários. A história do Islã manifesta duma ponta à outra a estranha alternância entre torpor e exaltação.
A causa disso parece ser o atavismo nômade desse imenso agregado de povos: o Islã só se mexe e se agita quando encontra um condutor, um animador, um füher, um êmulo de Maomé. Sem a guarda do pastor com seus cães, o rebanho cai na anarquia e, pouco a pouco, na sonolência. O Islã é semelhante à limalha de ferro cuja força coesiva depende da ação do ímã.
Em outras palavras, o islã apresenta para o historiador e o sociólogo a imagem de uma força magnética sempre prestes a cair em inércia, se lhe faltar o dinamismo duma oligarquia dirigente ou a oposição duma resistência à sua passagem e expansão. As relações entre o Ocidente e o Islã, desde o séc. VII até hoje, são marcadas por fases de explosões irracionais e de estagnações também incompreensíveis. Como já dissemos várias vezes, o comportamento do discípulo de Maomé, salvo exceções, não conhece aquela medida entre o excesso e a carência, de que a inteligência grega, enraizada na ordem natural, impregnara o Ocidente há já muito tempo. O Islã é instável e descomedido. É notável que a civilização islâmica, em Bagdá ou Espanha, tenha conhecido momentos de grande esplendor, quando o dom que a Grécia legou ao mundo chegou até ela. Poucas culturas alcançaram ao mesmo tempo aquela efervescência vital e sutileza espiritual.
Essa união durou pouco: o Islã precipitou-se num movimento pendular, que podemos observar com maior clareza nas pessoas de seus adeptos, sob a forma de brutalidade explosiva revezada com uma inesperada e requintada delicadeza, ou vice-versa. É como se o Islã sempre tivesse de balançar entre as qualidades e os defeitos da barbárie, e as qualidades e defeitos da decadência.
Talvez encontremos a origem dessa instabilidade dentro da estrutura tipicamente religiosa da mentalidade islâmica e na antítese violenta estabelecida entre Deus e os homens.
Eu seria, sem Deus, mais vil qu’um bicho impuro, diz o Maomé de Victor Hugo. O Islã ignora o Cristo Deus encarnado, renovador da natureza humana assumida em sua pessoa. Maomé tem Cristo apenas por profeta. Ignora a noção de natureza renovada pelo Novo Adão. Não existe nada entre Deus e o homem. Victor Hugo exprimiu magistralmente, com outras palavras, a dualidade da alma religiosa islâmica, dividida entre o Céu e a Terra:
Filho, eu sou vil campo dos sublimes combates
Eu sou homem excelso, e homem de disparates,
O mal, dentro nos lábios, com o bem alterna,
Como é no deserto a areia e cisterna!
O islamismo não possui centro de gravidade. Não tem neste baixo mundo um ponto fixo. Não dispõe de critérios imutáveis, por faltar-lhe este Meio-Termo que é o Cristo entre o homem e Deus, e uma Igreja concebida como corpo místico, tal como Jesus Cristo a espalhou e comunicou. Oscila assim entre o fanatismo estrito, coagulando-se sob uma forma qualquer, e a pulverização entre crenças disparatadas, indo da mística até à superstição grosseira. A fé em Alá, dominante e exclusiva, mistura-se à uma multidão indefinida de seitas, enumeradas na Enciclopédia Britânica em três colunas de texto bem espremido.
As conseqüências políticas dessa atitude religiosa sempre vacilante e desequilibrada são imensas.
Já é lugar comum dizer que no Islã a política é apenas um prolongamento da religião. O temporal e o espiritual não são dois domínios distintos. O primeiro não se subordina ao segundo, mas se confundem. Apesar do atual processo de laicização das elites islâmicas – que vão se tornando incrédulas ou ritualistas e farisaicas - elas consideram o Islã como o mundo em si, sem fronteiras ou determinações originadas da situação terrestre do homem e da conseqüente diversidade dos agrupamentos humanos. O Islã desconhece a natureza humana e suas implicações, logo desconhece também a idéia de pátria e, no interior desta, a idéia de diferenciação hierárquica entre homens de funções desiguais. Não existe “casta” ou “ordem”, no sentido Ancien Régime: no Islã, há igualdade absoluta entre os fiéis. O mulçumano sente-se em casa onde quer que haja Islã: seu passaporte é sua fé, viva ou aparente. O marroquino ou o tunisiano não é um estrangeiro no Egito.
Assim, o Islã apresenta-se como uma sociedade sem classes, internacional ou, mais exatamente, “anacional”, onde os membros congregam-se imbuídos da mesma concepção das relações entre Deus e o homem, à maneira da sociedade sonhada por Marx, cuja instauração fora intentada pelos seguidores deste na Rússia. Bastaria o arrefecimento religioso das elites dominantes – um processo em curso desde o séc. XIX – para o Islã, assestando o olhar para a possessão da terra e as relações entre o homem e o mundo material, encontrar-se na mesma posição em que a Rússia. Não por acaso, um dos observadores mais sagazes do comunismo, o Sr. Jules Monnerot, apodou-o de “o novo Islã”. Nesse sentido, são bem acertadas as analogias entre as duas concepções de mundo.
Ademais, o Islã já exibiu no passado, donde tira sua exaltação presente, um espírito totalitário idêntico ao do marxismo. Tanto para ele como para o marxismo, a humanidade se divide em duas partes em tudo heterogêneas: os fiéis e os infiéis, os muçulmanos e os ocidentais. A filosofia materialista do marxismo é sem dúvida ainda inconcebível no Islã. Os comunistas muçulmanos são escassos. Mas essa pretensa impermeabilidade do espírito islâmico ao marxismo não vale mais que a imaginária discordância descoberta entre o espírito inglês ou escandinavo e a doutrina de Marx. Vemos na história recente a Grã-Bretanha e os países nórdicos, apesar de conservarem o verniz ideológico e elegerem uns poucos deputados comunistas, absorverem altas doses de marxismo edulcorado.
A realização da aliança entre a Rússia e o Islã, sob as nossas vistas, não vai contra a natureza. Ela origina-se de mentalidades que se correspondem e que podem vir a se identificar na confusão atual da história. Os americanos nunca interromperão essa afinidade, por meio do seu anticolonialismo pueril, se desconhecem o espírito muçulmano. Será fácil para a Rússia superá-los, ao apelar para a semelhança existente entre a atitude anti-européia do muçulmano e a atitude anticapitalista; será fácil, no momento oportuno, atiçar a primeira atitude, que já existe e se exaspera, no sentido da segunda, que ainda está informe, e daí englobar os Estados Unidos numa condenação contra todo Ocidente. Bem faria a diplomacia americana, sempre mais sensível aos elementos econômicos do problema que aos fatores psicológicos, se percebesse a astuciosa mudança de rumos.
A política estrangeira soviética não mudou desde os famosos episódios – já esquecidos das democracias, desmemoriadas! – entre Zinoviev e Enver Pasha, no Congresso de Bakou, a 1º de setembro de 1920. Ela oferece-nos os frutos dum esforço inabalável, bem diferente da diplomacia dos povos ditos livres, a quem os fatos obrigam a lastimáveis piruetas. As duas “guerras santas”, a da Rússia contra o capitalismo e a do Islã contra o Ocidente, vão acabar por se tornar uma só, se a América não abrir os olhos.
Esse quadro é bastante provável, porquanto a moral islâmica abre um campo mais vasto às paixões do espírito e ao ressentimento que a moral cristã. Eis a razão por que o Islã se vai insinuando nas populações primitivas da África: estas adotam a ética islâmica, por menos exigente. Não há quem negue, por outro lado, o florescimento do marxismo por onde se relaxe a moral. Ainda é verdadeiro aquilo de Rivarol: “se aos homens desobrigamos, os estragamos”.
Os futuros historiadores possivelmente considerarão a dissolução do Império Otomano, ratificada pelos tratados de 1918, e a estúpida destruição do Império Austro-Húngaro duas pesadas hipotecas a serem cobradas ao séc. XX. A antiga Turquia, saciada de conquistas – por sinal, bem modestas -, continha o avanço do Islã, do mesmo modo que a Áustria-Hungria esfriava a efervescência balcânica.
Além disso, esses dois sistemas constituíam um tampão contra o imperialismo russo. Hoje estamos pagando o preço dessa política cega, em que saíram ganhando o “idealismo” laico e as sórdidas preocupações econômicas. Tomara não nos seja o preço muito alto, já que, citando novamente Rivarol, a pior desgraça é a de merecer suas desgraças!
Em todo caso, é certo dizer, os nacionalismos árabes não possuem raízes nas tradições islâmicas, e evoluirão fatalmente em direção ao internacionalismo e ao pan-islamismo. A Rússia, sempre atenta, lhe dedicará mais e mais cuidados na proporção direta dos erros habituais da diplomacia dita atlântica. O único trunfo nas mãos do Ocidente é a debilidade do sentido de Estado em terras islâmicas. Hoje em dia, contudo, constroem-se Estados artificiais por meio da força. O Estado Ocidental, por seu turno, degenerou em Estado Providência, que vampiriza sua energia e suas reações vitais de defesa.
In: “La libre Belgique”, 28 de dezembro de 1956. Tradução: Permanência
Para onde vai o Islã? Não parece errado afirmar que o Islã mesmo o ignora quase por completo. Esse grande corpo informe está despertando de uma longa letargia, as pálpebras fechadas, a mente entorpecida, os membros estirados e sacudidos aqui e acolá por sobressaltos involuntários. A história do Islã manifesta duma ponta à outra a estranha alternância entre torpor e exaltação.
A causa disso parece ser o atavismo nômade desse imenso agregado de povos: o Islã só se mexe e se agita quando encontra um condutor, um animador, um füher, um êmulo de Maomé. Sem a guarda do pastor com seus cães, o rebanho cai na anarquia e, pouco a pouco, na sonolência. O Islã é semelhante à limalha de ferro cuja força coesiva depende da ação do ímã.
Em outras palavras, o islã apresenta para o historiador e o sociólogo a imagem de uma força magnética sempre prestes a cair em inércia, se lhe faltar o dinamismo duma oligarquia dirigente ou a oposição duma resistência à sua passagem e expansão. As relações entre o Ocidente e o Islã, desde o séc. VII até hoje, são marcadas por fases de explosões irracionais e de estagnações também incompreensíveis. Como já dissemos várias vezes, o comportamento do discípulo de Maomé, salvo exceções, não conhece aquela medida entre o excesso e a carência, de que a inteligência grega, enraizada na ordem natural, impregnara o Ocidente há já muito tempo. O Islã é instável e descomedido. É notável que a civilização islâmica, em Bagdá ou Espanha, tenha conhecido momentos de grande esplendor, quando o dom que a Grécia legou ao mundo chegou até ela. Poucas culturas alcançaram ao mesmo tempo aquela efervescência vital e sutileza espiritual.
Essa união durou pouco: o Islã precipitou-se num movimento pendular, que podemos observar com maior clareza nas pessoas de seus adeptos, sob a forma de brutalidade explosiva revezada com uma inesperada e requintada delicadeza, ou vice-versa. É como se o Islã sempre tivesse de balançar entre as qualidades e os defeitos da barbárie, e as qualidades e defeitos da decadência.
Talvez encontremos a origem dessa instabilidade dentro da estrutura tipicamente religiosa da mentalidade islâmica e na antítese violenta estabelecida entre Deus e os homens.
Eu seria, sem Deus, mais vil qu’um bicho impuro, diz o Maomé de Victor Hugo. O Islã ignora o Cristo Deus encarnado, renovador da natureza humana assumida em sua pessoa. Maomé tem Cristo apenas por profeta. Ignora a noção de natureza renovada pelo Novo Adão. Não existe nada entre Deus e o homem. Victor Hugo exprimiu magistralmente, com outras palavras, a dualidade da alma religiosa islâmica, dividida entre o Céu e a Terra:
Filho, eu sou vil campo dos sublimes combates
Eu sou homem excelso, e homem de disparates,
O mal, dentro nos lábios, com o bem alterna,
Como é no deserto a areia e cisterna!
O islamismo não possui centro de gravidade. Não tem neste baixo mundo um ponto fixo. Não dispõe de critérios imutáveis, por faltar-lhe este Meio-Termo que é o Cristo entre o homem e Deus, e uma Igreja concebida como corpo místico, tal como Jesus Cristo a espalhou e comunicou. Oscila assim entre o fanatismo estrito, coagulando-se sob uma forma qualquer, e a pulverização entre crenças disparatadas, indo da mística até à superstição grosseira. A fé em Alá, dominante e exclusiva, mistura-se à uma multidão indefinida de seitas, enumeradas na Enciclopédia Britânica em três colunas de texto bem espremido.
As conseqüências políticas dessa atitude religiosa sempre vacilante e desequilibrada são imensas.
Já é lugar comum dizer que no Islã a política é apenas um prolongamento da religião. O temporal e o espiritual não são dois domínios distintos. O primeiro não se subordina ao segundo, mas se confundem. Apesar do atual processo de laicização das elites islâmicas – que vão se tornando incrédulas ou ritualistas e farisaicas - elas consideram o Islã como o mundo em si, sem fronteiras ou determinações originadas da situação terrestre do homem e da conseqüente diversidade dos agrupamentos humanos. O Islã desconhece a natureza humana e suas implicações, logo desconhece também a idéia de pátria e, no interior desta, a idéia de diferenciação hierárquica entre homens de funções desiguais. Não existe “casta” ou “ordem”, no sentido Ancien Régime: no Islã, há igualdade absoluta entre os fiéis. O mulçumano sente-se em casa onde quer que haja Islã: seu passaporte é sua fé, viva ou aparente. O marroquino ou o tunisiano não é um estrangeiro no Egito.
Assim, o Islã apresenta-se como uma sociedade sem classes, internacional ou, mais exatamente, “anacional”, onde os membros congregam-se imbuídos da mesma concepção das relações entre Deus e o homem, à maneira da sociedade sonhada por Marx, cuja instauração fora intentada pelos seguidores deste na Rússia. Bastaria o arrefecimento religioso das elites dominantes – um processo em curso desde o séc. XIX – para o Islã, assestando o olhar para a possessão da terra e as relações entre o homem e o mundo material, encontrar-se na mesma posição em que a Rússia. Não por acaso, um dos observadores mais sagazes do comunismo, o Sr. Jules Monnerot, apodou-o de “o novo Islã”. Nesse sentido, são bem acertadas as analogias entre as duas concepções de mundo.
Ademais, o Islã já exibiu no passado, donde tira sua exaltação presente, um espírito totalitário idêntico ao do marxismo. Tanto para ele como para o marxismo, a humanidade se divide em duas partes em tudo heterogêneas: os fiéis e os infiéis, os muçulmanos e os ocidentais. A filosofia materialista do marxismo é sem dúvida ainda inconcebível no Islã. Os comunistas muçulmanos são escassos. Mas essa pretensa impermeabilidade do espírito islâmico ao marxismo não vale mais que a imaginária discordância descoberta entre o espírito inglês ou escandinavo e a doutrina de Marx. Vemos na história recente a Grã-Bretanha e os países nórdicos, apesar de conservarem o verniz ideológico e elegerem uns poucos deputados comunistas, absorverem altas doses de marxismo edulcorado.
A realização da aliança entre a Rússia e o Islã, sob as nossas vistas, não vai contra a natureza. Ela origina-se de mentalidades que se correspondem e que podem vir a se identificar na confusão atual da história. Os americanos nunca interromperão essa afinidade, por meio do seu anticolonialismo pueril, se desconhecem o espírito muçulmano. Será fácil para a Rússia superá-los, ao apelar para a semelhança existente entre a atitude anti-européia do muçulmano e a atitude anticapitalista; será fácil, no momento oportuno, atiçar a primeira atitude, que já existe e se exaspera, no sentido da segunda, que ainda está informe, e daí englobar os Estados Unidos numa condenação contra todo Ocidente. Bem faria a diplomacia americana, sempre mais sensível aos elementos econômicos do problema que aos fatores psicológicos, se percebesse a astuciosa mudança de rumos.
A política estrangeira soviética não mudou desde os famosos episódios – já esquecidos das democracias, desmemoriadas! – entre Zinoviev e Enver Pasha, no Congresso de Bakou, a 1º de setembro de 1920. Ela oferece-nos os frutos dum esforço inabalável, bem diferente da diplomacia dos povos ditos livres, a quem os fatos obrigam a lastimáveis piruetas. As duas “guerras santas”, a da Rússia contra o capitalismo e a do Islã contra o Ocidente, vão acabar por se tornar uma só, se a América não abrir os olhos.
Esse quadro é bastante provável, porquanto a moral islâmica abre um campo mais vasto às paixões do espírito e ao ressentimento que a moral cristã. Eis a razão por que o Islã se vai insinuando nas populações primitivas da África: estas adotam a ética islâmica, por menos exigente. Não há quem negue, por outro lado, o florescimento do marxismo por onde se relaxe a moral. Ainda é verdadeiro aquilo de Rivarol: “se aos homens desobrigamos, os estragamos”.
Os futuros historiadores possivelmente considerarão a dissolução do Império Otomano, ratificada pelos tratados de 1918, e a estúpida destruição do Império Austro-Húngaro duas pesadas hipotecas a serem cobradas ao séc. XX. A antiga Turquia, saciada de conquistas – por sinal, bem modestas -, continha o avanço do Islã, do mesmo modo que a Áustria-Hungria esfriava a efervescência balcânica.
Além disso, esses dois sistemas constituíam um tampão contra o imperialismo russo. Hoje estamos pagando o preço dessa política cega, em que saíram ganhando o “idealismo” laico e as sórdidas preocupações econômicas. Tomara não nos seja o preço muito alto, já que, citando novamente Rivarol, a pior desgraça é a de merecer suas desgraças!
Em todo caso, é certo dizer, os nacionalismos árabes não possuem raízes nas tradições islâmicas, e evoluirão fatalmente em direção ao internacionalismo e ao pan-islamismo. A Rússia, sempre atenta, lhe dedicará mais e mais cuidados na proporção direta dos erros habituais da diplomacia dita atlântica. O único trunfo nas mãos do Ocidente é a debilidade do sentido de Estado em terras islâmicas. Hoje em dia, contudo, constroem-se Estados artificiais por meio da força. O Estado Ocidental, por seu turno, degenerou em Estado Providência, que vampiriza sua energia e suas reações vitais de defesa.
In: “La libre Belgique”, 28 de dezembro de 1956. Tradução: Permanência
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