segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Alguns aforismos do livro “A Escada de Jacob” de Gustave Thibon

Gustave Thibon


A terra tanto pode encadear, como libertar...


Não separe o homem o que Deus uniu. Não confieis, amigo, nos idólatras que quebram e conspurcam a unidade. Não acredites nos que separam a alma da carne e caluniam o corpo. Nem tão-pouco nos que separam a carna da alma e mofam da pureza das alturas. Ama com todo o teu coração e com toda a tua alma. Há coisas em ti, enamoradas de voluptuosidades mais intensas ou de voos mais fáceis, que pretendem desfazer a unidade. Bem sei. A tua carne demasiado pesada, idealizará uma beatitude atascada, e o teu espírito, demasiado pronto, um voo de sonho e de nuvem. Mas, que importa? Religiosamente, incansávelmente, segura-te, tem mão em ti. Defende bem a tua imortal e frágil unidade. Ainda que seja para saciar a tua fome (mesmo de justiça e de amor), ou para repousar da tua grande fadiga, não permitas que nenhuma parte do teu ser proceda e avance sozinho. Se for necessário, caminha mais devagar. Mas sempre todo, em corpo e alma. Separa do espírito, a carne corrompe-se; e o espírito, separado da carne, empalidece, como flor desenraízada. E reduz-se a um fantasma. (p. 99)


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Nunca uma tal exigência de totalidade, de absoluto, de doação sem reservar e sem limites, trabalhou a humanidade, como no nosso tempo. Mas também – e é essa a tragédia das sociedades modernas – nunca uma sede assim totalitária, se orientou tão furiosamente, tão exclusivamente, para a parte, e que parte! Nunca o homem se tinha dado assim, tão concretamente, a simples abstrações: o sexo, o dinheiro, a raça, o estado, o proletariado... Procura-se monstruosamente o integral no exclusivo. Eis que soa a hora mais religiosa da humanidade e, também, a sua hora mais ímpia: nunca Deus foi ao mesmo tempo tão implorado e tão repelido pelo homem.
Satã – e é esse o seu último e mais sútil esforço – encarniça-se a captar e a corromper as energias especificamente religiosas da humanidade. Como dizia Shakespeare: “Divindade do inferno! Quando os demônios querem insinuar aos homens suas obras mais perversas, começam por sugeri-los sob uma forma mais ou menos celeste... É uma forma desvairada de idolatria, prestar às criaturas um culto que só a Deus pertence”. O diabo quase nada obteria do homem, se, para o enganar, não fingisse de Deus. E esta impostura não é difícil. O instinto de Deus, no homem, nada perdeu da sua força, mas é um instinto cego, que toteia e tropeça, e se arrisca a precipitar-se nãoo importa em quê.
(p. 137)

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o homem não recebe deuma só vez a sua humanidade. Não se merece ser pedra, animal ou anjo. Mas merece-se ser homem. Todos os outros seres são o que são. Só o homem se torna o queé. Pertence-lhe conquistar, se não a própria essência, pelo menos o seu enriquecimento vital.
(p. 110)


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Deus fala aos homens: Desgraçados! Confudem-me com a grandeza, com a sua grandeza. Julgam-me sublime, em relação a eles! Situam-me e exilam-me nas alturas, onde nem sequer pensam em chegar. Depois, sentindo-se incapazes de subir, esquecem-me. Mas eu não estou exclusivamente nas alturas. Estou em toda parte. Sou maior do que a grandeza, que se pode medir. Sou a Vida!
(p. 105)

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Stella rectrix – Lembra-te de que nunca possuirás o céu neste mundo. Mas ai de ti se deixas de erguer os olhos para o alto! Nem pelo de não poderes voar, tens o direito de te deixares atolar. Os Magos nunca tocaram, com as mãos, a estrela que lhes guiava os passos, E, no entanto, seguiram-na fielmente por entre as ciladas e os desertos e através de todos os 'desmentidos da experiência'. E o astro inacessível conduziu-os ao Deus do céu, que se escondia na terra. É que a terra não descobre o segredo de suas entranhas senão a quem tem os olhos erguidos para o céu.
Não tentes apagar o astro que não brilha senão para te guiar. Conserva-te fiel a ele. Haja o que houver, aconceteça o acontecer. E encontrás o ideal incorporado no real: a estrela do céu te ensinará o verdadeiro sentido da terra. (p. 106)

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Fernando Rodrigues Batista

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Católico tradicionalista. Amo a Deus, Uno e Trino, que cria as coisas nomeando-as, ao Deus Verdadeiro de Deus verdadeiro, como definiu Nicéia. Amo o paradígma do amor cristão, expressado na união dos esposos, na fidelidade dos amigos, no cuidado dos filhos, na lealdade aos irmãos de ideais, no esplendor dos arquétipos, e na promessa dos discípulos. Amo a Pátria, bem que não se elege, senão que se herda e se impõe.

"O PODER QUE NÃO É CRISTÃO, É O MAL, É O DEMONIO, É A TEOCRACIA AO CONTRÁRIO" Louis Veuillot