quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um texto de Rafael Gambra

Rafael Gambra (1920-2004)

O sentido das coisas em dois aspectos, um espacial e outro temporal. A “Terra dos homens” é mansão no espaço e rito no tempo. O homem constrói seu albergue no espaço, e esse albergue possui limites, aposentos, estruturas. E cada aposento, um sentido e também um mistério intransferível.
Como cada flor é em si mesma, a negação das demais. É a mansão história, feita substancia da vida, o que o homem ama; não a construção teórica, em série, da qual só se serve. “Resultará-lhe impossível amar – lemos em Cidadela – uma casa que não tenha rosto próprio e onde os passos não tenham sentido. Havia (no palácio de meu pai) uma sala reservada aos principais embaixadores e que se abria somente ao sol dos grandes dias; havia aquelas outras em que se fazia justiça e aquela onde se levava os mortos; e aquela, enfim, sempre vazia, cuja utilidade nunca se conheceu, e que talvez não tivesse nenhuma salvo a de ensinar o respeito e o sentido do mistério e que conhece profundamente as coisas...” Este sentido espacial-estrutura humana das coisas é produto, antes de tudo, de uma aceitação; depois, da continuidade, o costume e a tradição.
Aceitação antes de tudo de uma transcendência divina e da religação a ela em um destino comum. Historiadores, Geógrafos, economistas, explicam por fatores coincidentes ou dissociados o brotar histórico dos povos ou a gênese das grandes civilizações. Sem embargo, nada haveria unido os árabes nem os haveria lançado sobre o mundo sem a misteriosa acolhida de uma mensagem superior que fez irromper vitorioso o que dormia na dispersão e na passividade. Daqui que nada mais inadequado e dissolvente para toda religião que aplicar o método analítico racional a seus fundamentos religadores, fazendo-lhes abstratos, universais, intercambiáveis: este método, que pode usar-se com eficácia em realidades convencionais e finalistas, como a economia e o governo humano, resulta essencialmente aniquilador o fato religioso, que é, antes de tudo, aceitação transcendente, misteriosa, e depois, comunhão e fidelidade.
Aceitação, em segundo término, de uma ordem existencial na qual o meio se faz mansão e o tempo adquire uma fisionomia; concreção histórica que se realiza na remota e legendária gênese de cada povo, e que se santifica com o passo das gerações e a memória sagrada dos que nos precederam.


(GAMBRA, Rafael. El silencio de Dios, prólogo de Gustave Thibon, Editorial Prensa Española, Madrid, 1968, pp.78-80)

O COMUNISMO E A REVOLUÇÃO ANTI-CRISTÃ

Padre Julio Meinvielle


O COMUNISMO E A REVOLUÇÃO ANTI-CRISTÃ

PRÓLOGO DA SEGUNDA EDIÇÃO

Este ensaio teve maior acolhida do público do que seu autor imaginara.
Nele se dizem algumas verdades, senão novas, substanciais que meu pareceu conveniente apontar nesta nova edição.
Por isso, foi suprimido o que podia haver de circunstancial para dar ênfase, em troca, a conceitos, embora hoje olvidados, não menos necessários e urgentes da problemática religiosa.
São estes os conceitos de Realeza de Cristo e o de Civilização Cristã. Se devemos crer, com efeito, para certos autores não se sabe hoje o que é a civilização cristã nem o sabem “todos os Papas de nosso século” (O sacerdote domenicano Avril e o jesuita de Soras, citados pela revista francesa Itinéraires, junho de 1963, página 153.).
No entanto, é o conceito de Realeza de Cristo o qual nos pode esclarecer suficienemente o de civilização cristã e é este, ou de seu equivalente Cidade Católica, o que, como ponto de referência, pode dar-nos ampla certeza do que na realidade o comunismo se propõe destruir totalmente, para logo, desta forma reduzir a Igreja ao silencio mais absoluto.
Ao suprimir conceitos tão substanciais, se é suprimido, por conseguinte, o reto conhecimento do comunismo e de sua propagação e se retira as bases para uma luta eficaz conra este mal, o primeiro de nosso tempo.
A Carta Magna da Igreja sobre o comunismo ateu, a Divini Redemptoris de Pio XI, em troca, centraliza sobre o ponto da Civilização Cristã e de sua exclusão pelo comunismo toda a meduda de erro, de malicia e de perigo de que este está cheio.
Por isso, na primeira página de dito documento, depois de destacar que a promessa e a vinda do Redentor preecheu as ânsias de tão longa expectação da humanidade e “inaugurou uma nova civilização universal cristã, imensamente superior a que até então à custa dos maiores esforços e trabalhos atingiram alguns povos mais privilegiados”, acrescenta este parágrafo sugestivo: “Este perigo tão ameaçador, já o haveis compreendido, Veneráveis Irmãos, é o comunismo bolchevique e ateu, que se propõe como fim peculiar revolucionar radicalmente a ordem social e subverter os próprios fundamentos da civilização cristã”.
Porque entre muitos católicos se suprime ou se debilita o reto sentido do que seja a civilização católica ou a Cidade Católica, se é suprimido também ou se debilita paralelamente o combate que se há de empreender contra este mal e perigo do comunismo e se dá lugar a uma como que aceitação do mesmo, quando não a um verdadeiro reconhecimento e aprovacao.
Tal o erro do progressismo que em formas mais ou menos francas ou ateuadas inavade hoje e envenena a mentalidade e a ação de muitos católicos. Esperamos em breve dedicar a este tema um pequeno ensaio, não obstante, não quiséramos deixar de assinalar aqui seu erro e seu perigo. (“En torno al Progresismo Cristiano”, Librería Huemul, Buenos Aires, 1964, y reeditado como “Un Progresismo vergonzante”, Cruz y Fierro Editores, Buenos Aires, 1967).
Ao alterar o conceito de civiliação cristã e em consequência o de comunismo, muitos católicos encontram-se obrigados a alterar o significado da teología da história, desvinculando esta do dogma fundamental na matéria que é o da Realeza de Cristo. Porque a historia, a história da realidade temporal dos povos, de sua realidade publica e também política, deve significar o alto e supremo domínio que Deus colocou nas mãos de Cristo. É certo que poderão os povos rebelar-se contra a pacífica dominação de Cristo. Mas ainda assim, para sua ruína, os povos não poderão deixar ter significado à Cristo. Porque a história tem uma direta dependência de Cristo, já que toda ela deve significar como um sacramento o reino de Deus com um sacramento. E somente siginfica positivamente quando se converte em história cristã, em Cidade Católica. Por esquecer isso, a teologia da história se converteu hoje em uma teologia nominalisa que nega a substancia mesmo com que deveria estar constituída; é, a saber, desta significação positiva que há de brindar a realidade publica dos povos.
Por isso, alteração do conceito de civilização cristã, diminuição do combate contra o comnismo, progressismo e uma má teologia da história andam hoje juntos em muitos católicos e ainda em teólogos que consideram experts em teologia da história. Tuso isto nos dá induz há acrescentar um novo capitulo a este primitivo ensaio que leva precisamente por título “Da Realeza de Cristo na história à Civilização Cristã”. Desta forma se tornará mais consistente a coerência de temas que não podem ser separados.

JULIO MEINVIELLE
Epifanía do Senhor, 1964.



Fernando Rodrigues Batista

Quem sou eu

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Católico tradicionalista. Amo a Deus, Uno e Trino, que cria as coisas nomeando-as, ao Deus Verdadeiro de Deus verdadeiro, como definiu Nicéia. Amo o paradígma do amor cristão, expressado na união dos esposos, na fidelidade dos amigos, no cuidado dos filhos, na lealdade aos irmãos de ideais, no esplendor dos arquétipos, e na promessa dos discípulos. Amo a Pátria, bem que não se elege, senão que se herda e se impõe.

"O PODER QUE NÃO É CRISTÃO, É O MAL, É O DEMONIO, É A TEOCRACIA AO CONTRÁRIO" Louis Veuillot